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  • Foto do escritorKeyla Fernandes

Escrever, porque sim.

Estou trabalhando em um livro novo que pretendo lançar ainda este ano.

Tem sido gostoso trabalhar nele, e tenho notado menos dificuldade em desenvolver essa história, principalmente em comparação com a escrita do meu último livro, O Querubim de Três Faces.


Durante a produção desse último, eu aprendi muito sobre meu processo criativo e sobre o ofício da escrita. Aprendi sobre marketing, divulgação, orçamentos, parcerias, etc. Foi um trabalho lento e pesado, mas que resultou no meu primeiro romance publicado.


A ideia dessa história (que, ainda sem título, gosto de chamar de A Seita Que Dói Mais, porque é uma história sobre uma seita cujo ritual de iniciação é, digamos, bastante incômodo),  veio de um sonho com um vídeo macabro, tipo aquelas coisas da deep web, e um livro sinistro que tem vontade própria. Ela, assim como outras histórias minhas, surgiu da minha necessidade de criar cenas pelo puro prazer do efeito estético que elas podem ter e causar. 


Livros, livrarias e bibliotecas são muito importantes para essa história.

Contudo, por causa disso, comecei a me questionar sobre os meus motivos para escrever e me peguei tentando me sabotar, tentando me obrigar a colocar uma mensagem mais profunda na história, pensando “mas o que eu quero dizer com isso?”, como se a história só fosse válida se terminasse com uma lição.


E decidi que não, eu não preciso colocar mensagens profundas ou lições nas minhas histórias, nem devo ter medo de escrever protagonistas de moral duvidosa, egoístas e vingativos que tomam decisões erradas, mesmo sabendo que são erradas. E o mais importante: que eu posso escrever uma história só porque eu acho determinado tema legal, ou porque pensei em uma cena macabra e impactante.


Enfim, comecei a trabalhar a ideia, na intenção de escrever um conto, mas quando dei por mim, já tinha passado das 40 páginas e tinha incluído detalhes minuciosos da vida da protagonista, bem como todo o histórico de nascimento da tal seita, seus preceitos, mandamentos e até um credo em latim, inspirado no credo católico.


“Cremos em Deus, nosso Senhor, que reina nas trevas.”


Olhei para aquele monte de palavras e pensei: “é, vai ter que ser uma novela, no mínimo.”

E cá estou, chegando nos finalmentes dessa história protagonizada por uma moça trabalhadora, meio trouxa e um tanto corna, que se mete no meio de uma desgraceira macabra por causa do boy lixo que mora com ela.


Para essa história, eu tenho pesquisado bastante sobre cultos e seitas, sociedades secretas e rituais satânicos. E tenho me divertido horrores, é verdade, mas tenho encontrado coisas horrorosas também, daquelas que nem o Stephen King consegue superar, o tipo de coisa que só seres humanos conseguem tecer e realizar. Também me vi com a necessidade de consumir mais literatura erótica (que os jovens chamam de hot), já que decidi adicionar umas putariazinhas na história, mas preciso desenvolver melhor essa habilidade ainda.


O que eu quero dizer com isso é: eu levo muito a sério a ideia de escrever o livro que eu quero ler.



Esse é o nível que eu estou tentando atingir. (Cena do filme "De Olhos Bem fechados", de Stanley Kubrick).


Obs: uma cena que eu acho incrível e também serviu de inspiração para essa história, é a cena da cerimônia misteriosa do filme "De Olhos Bem Fechados", que por sua vez foi inspirado no livro "Breve Romance de Sonho", de Arthur Schnitzler.





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